terça-feira, 24 de agosto de 2010

Domingo de Páscoa

Domingo de Páscoa




O Domingo de Páscoa, ou a Vigília Pascal, é o dia em que até mesmo a mais pobre igreja se reveste com seus melhores ornamentos, é o ápice do ano litúrgico. É o aniversário do triunfo de Cristo. É a feliz conclusão do drama da Paixão e a alegria imensa depois da dor. E uma dor e alegria que se fundem pois se referem na história ao acontecimento mais importante da humanidade: a redenção e libertação do pecado da humanidade pelo Filho de Deus.

São Paulo nos diz : "Aquele que ressuscitou Jesus Cristo devolverá a vida a nossos corpos mortais". Não se pode compreender nem explicar a grandeza da Páscoa cristã sem evocar a Páscoa Judaica, que Israel festejava, e que os judeus ainda festejam, como festejaram os hebreus há três mil anos. O próprio Cristo celebrou a Páscoa todos os anos durante a sua vida terrena, segundo o ritual em vigor entre o povo de Deus, até o último ano de sua vida, em cuja Páscoa aconteceu na ceia e na istituição da Eucaristia.

Cristo, ao celebrar a Páscoa na Ceia, deu à comemoração tradicional da libertação do povo judeu um sentido novo e muito mais amplo. Não é um povo, uma nação isolada que Ele liberta, mas o mundo inteiro, a quem prepara para o Reino dos Céus. A Páscoa cristã - cheia de profunda simbologia - celebra a proteção que Cristo não cessou nem cessará de dispensar à Igreja até que Ele abra as portas da Jerusalém celestial. A festa da Páscoa é, antes de tudo, a representação do acontecimento chave da humanidade, a Ressurreição de Jesus depois de sua morte consentida por Ele para o resgate e a reabilitação do homem caído. Este acontecimento é um dado histórico inegável. Além de que todos os evangelistas fizeram referência. São Paulo confirma como o historiador que se apoia, não somente em provas, mas em testemunhos.

Páscoa é vitória, é o homem chamado a sua maior dignidade. Como não se alegrar pela vitória d'Aquele que tão injustamente foi condenado à paixão mais terrível e à morte de cruz?, pela vitória d'Aquele que anteriormente foi flagelado, esbofeteado, cuspido, com tanta desumana crueldade.

Este é o dia da esperança universal, o dia em que em torno ao ressuscitado, unem-se e se associam todos os sofrimentos humanos, as desolusões, as humilhações, as cruzes, a dignidade humana violada, a vida humana respeitada.

A Ressurreição nos revela a nossa vocação cristã e nossa missão: aproximá-la a todos os homens. O homem não pode perder jamais a esperança na vitória do bem sobre o mal. Creio na Ressurreição?, a proclamo?; creio em minha vocação e missão cristã, a vivo?; creio na ressurreição futura? , é alento para esta vida?, são perguntas que devem ser feitas.

A mensagem redentora da Páscoa não é outra coisa que a purificação total do homem, a libertação de seus egoísmos, de sua sensualidade, de seus complexos, purificação que, ainda que implique em uma fase de limpeza e saneamento interior, contudo se realiza de maneira positiva com dons de plenitude, com a iluminação do Espírito, a vitalização do ser por uma vida nova, que transborda alegria e paz - soma de todos os bens messiânicos-, em uma palavra, a presença do Senhor ressuscitado. São Paulo o expressou com incontida emoção neste texto: " Se ressuscitastes com Cristo, então vos manifestareis gloriosos com Ele".

Sábado Santo

Sábado Santo



O sábado é o segundo dia do Tríduo: no chão junto à ele, durante sete dias e e sete noites com Cristo no sepulcro.

"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).

No dia do silêncio: a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio.

A Cruz continua entronizada desde o dia anterior. Central, iluminada, com um pano vermelho com o louro da vitória. Deus morreu. Quis vencer com sua própria dor o mal da humanidade. É o dia da ausência. O Esposo nos foi arrebatado. Dia de dor, de repouso, de esperança, de solidão. O próprio Cristo está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de seu último grito da cruz "por que me abandonaste?", agora ele cala no sepulcro. Descansa: "consummantum est", "tudo está consumado". Mas este silêncio pode ser chamado de plenitude da palavra. O assombro é eloqüente. "Fulget crucis mysterium", "resplandece o mistério da Cruz".

O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos… ", diziam os discípulos de Emaús.

É um dia de meditação e silêncio. Algo pareceido à cena que nos descreve o livro de Jó, quando os amigos que foram visitá-lo, ao ver o seu estado, ficaram mudos, atônitos frente à sua imensa dor: "Sentaram-se no chão ao lado dele, sete dias e sete noites, sem dizer-lhe uma palavra, vendo como era atroz seu sofrimento" (Jó. 2, 13).

Ou seja, não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal. Entre a morte da Sexta-feira e a ressurreição do Domingo nos detemos no sepulcro. Um dia ponte, mas com personalidade. São três aspectos -não tanto momentos cronológicos- de um mesmo e único mistério, o mesmo da Páscoa de Jesus: morto, sepultado, ressuscitado:

"...se despojou de sua posição e tomou a condição de escravo…se rebaixou até se submeter inclusive à morte, quer dizer, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que Ele expirou na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado de Cristo morto é o mistério do sepulcro e da descida à mansão dos mortos. É o mistério do Sábado Santo em que Cristo depositado na tumba manifesta o grande repouso sabático de Deus depois de realizar a salvação dos homens, que estabelece na paz o universo inteiro".

Vigília Pascal

A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo uma antiqüíssima tradição, (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis, seguindo a exortação do Evangelho (Lc. 12, 35 ss), tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa.

A Vigília Pascal se desenvolve na seguinte ordem:

Breve Lucernário
Abençõa-se o fogo. Prepara-se o círio no qual o sacerdote com uma punção traça uma cruz. Depois marca na parte superior a letra Alfa e na inferior Ômega, entre os braços da cruz marca as cifras do anos em curso. A continuação se anuncia o Pregão Pascal.

Liturgia da Palavra

Nela a Igreja confiada na Palavra e na promessa do Senhor, media as maravilhas que desde os inícios Deus realizou com seu povo.

Liturgia Batismal

São chamados os catecúmenos, que são apresentados ao povo por seus padrinhos: se são crianças serão levados por seus pais e padrinhos. Faz-se a renovação dos compromissos batismais.

Liturgia Eucarística

Ao se aproximar o dia da Ressurreição, a Igreja é convidada a participar do banquete eucarístico, que por sua Morte Ressurreição, o Senhor preparou para seu povo. Nele participam pelas primeira vez os neófitos.

Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.

A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltar a comungar na segunda Missa de Páscoa.

O sacerdote e os ministros se revestem de branco para a Missa. Preparam-se os velas para todos os que participem da Vigília.

Sexta-feira Santa

Sexta-feira Santa


A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João comtemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.

São João, teólogo e cronista da paixão nos leva a comtemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina. É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar.

A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no Gólgota, desde que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo a passo, com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho.

Maternidade do coração, que infla com a espada de dor que a fecunda.

A palavra de seu Filho que prolonga sua maternidade até os confins infinitos de todos os homens. Mãe dos discípulos, dos irmãos de seu Filho. A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria comtempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade. Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho.

O soldado que traspassou o lado de Cristo no lado do coração, não se deu conta que cumpria uma profecia realizava um últmo, estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que agora, como em uma nova criação derrama sobre nós.

A Celebração

Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimônia. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados.

Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testeunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.

Ação litúrgica na Morte do Senhor

1. A ENTRADA

A impressionante celebração litúrgica da Sexta-feira começa com um rito de entrada diferente de outros dias: os ministros entram em silëncio, sem canto, vestidos de cor vermelha, a cor do sangue, do martírio, se prostram no chão, enquanto a comunidade se ajoelha, e depois de um espaço de silêncio, reza a oração do dia.

2. Celebração da Palavra

Primeira Leitura
Espetacular realismo nesta profecia feita 800 anos antes de Cristo, chamada por muitos o 5º Evangelho. Que nos introduz a alma sofredora de Cristo, durante toda sua vida e agora na hora real de sua morte. Disponhamo-nos a vivê-la com Ele.

Leitura do Profeta Isaías 52, 13 ; 53

Eis que meu Servo há de prosperar, ele se elevará, será exaltado, será posto nas alturas.
Exatamente como multidões ficaram pasmadas à vista dele - tão desfigurado estava seu aspecto e a sua forma não parecia a de um homem - assim agora nações numerosas ficarão estupefactas a seu respeito,reis permanecerão silenciosos, ao verem coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido.

Quem creu naquilo que ouvimos, e a quem se revelou o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um renovo, como raiz que brota de uma terra seca; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar.

Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos nenhum caso dele.
E no entanto, era as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava.
Mas nós o tinhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado.

Mas ele foi trespassado por causa de nossas transgressões, esmagado em virtude de nossas iniqüidades.

O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.

Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença de seus tosquiadores ele não abriu a boca.

Após a detenção e julgamento, foi preso. Dentre os seus contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter ele sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo?

Deram sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos, se bem que não tivesse praticado violência nem tivesse havido engano em sua boca.

Mas o Senhor quis feri-lo, submetê-lo à enfermidade. Mas, se ele oferece a sua vida como sacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência, prolongará os seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus há de triunfar.
Após o trabalho fatigante de sua alma ele verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento, o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sbre si as suas transgressões.
Eis porque lhe darei um quinhão entre as multidões; com os fortes repartirá os despojos, visto que entregou sua alma à morte e foi contado com os transgressores, mas na verdade levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores fez intercessão.

Palavra do Senhor

Salmo responsorial

Neste Salmo, recitado por Jesus na cruz, entrecruzam-se a confiança, a dor, a solidão e a súplica: com o Homem das dores, façamos nossa oração.

Sl 30, 2 e 6. 12-13. 15-16. 17 e 25.
Senhor, em tuas mãos eu entrego meu espírito.

Senhor, eu me abrigo em ti: que eu nunca fique envergonhado; Salva-me por sua justiça. Leberta-me . em tuas mãos eu entrego meu espírito, é tu quem me resgatas, Senhor.

Pelos opressores todos que tenho já me tornei um escândalo; para meus vizinhos, um asco, e terror para meus amigos. Os que me vêem na rua fogem para longe de mim; fui esquecido, como um morto aos corações, estou como um objeto perdido.

Quanto a mim, Senhor, confio em ti, e digo: " tú és o meu Deus!". Meus tempos etão em tua mão: liberta-me da mão dos meus inimigos e perseguidores. Faze brilhar tua face sobre o teu servo, salva-me por teu amor. Sede firmes, fortalecei vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.

Segunda leitura
O Sacerdote é o que une Deus ao homem e os homens a Deus… Por isso Cristo é o perfeito Sacerdote: Deus e Homem. O Único e Sumo e Eterno Sacerdote. Do qual o Sacerdócio: o Papa, os Bispos, os sacerdotes e dos Diáconos unidos a Ele, são ministros, servidores, ajudantes…

Leitura da Carta aos Hebreus 4,14-16; 5,7-9.

Temos, portanto, um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Permaneçamos, por isso, firmes na profissão de fé. Com efeito, não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos graça, como ajuda oportuna.

É ele que, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa da sua submissão. Embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedeceram princípio da salvação eterna.

Palavra do Senhor.

Versículo antes o Evangelho (Fl 2, 8-9)

Cristo, por nós, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é acima de todo nome.

Como sempre, a celebração da Palavra, depois da homilia conclui-se com uma ORAÇÃO UNIVERSAL, que hoje tem mais sentido do que nunca: precisamente porque comtemplamos a Cristo entregue na cruz como Redentor da humanidade, pedimos a Deus a salvação de todos, crentes e não crentes.

3. Adoração da Cruz

Depois das palavras passamos a um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz é apresentada solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação:

"Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do mundo. Ó VINDE ADOREMOS", e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com um genuflexão (ou inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da cruz ); enquanto cantamos os louvores ao Cristo na Cruz :

4. A comunhão

Desde de 1955, quando Pio XII decidiu, na reforma que fez na Semana Santa, não somente o sacerdote - como até então - mas também os fiéis podem comungar com o Corpo de Cristo.

Ainda que hoje não haja propriamente Eucaristia, mas comungando do Pão consagrado na celebração de ontem, Quinta-feira Santa, expressamos nossa participação na morte salvadora de Cristo, recebendo seu "Corpo entregue por nós".

A Quinta-feira Santa

A Quinta-feira Santa




A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite a aprofundar concretamente no misterio da Paixão de Cristo, já que quem deseja seguí-lo deve sentar-se à sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-lo.

E por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho idôneo da vocação ao serviço do mundo e da Igreja que temos todos os fiéis quando decide lavar os pés dos seus discípulos.

Neste sentido, o Evangelho de São João apresenta a Jesus 'sabendo que o Pai pôs tudo em suas mãos, que vinha de Deus e a Deus retornava', mas que, ante cada homem, sente tal amor que, igual como fez com os discípulos, se ajoelha e lava os seus pés, como gesto inquietante de uma acolhida inalcansável.

São Paulo completa a representação lembrando a todas as comunidades cristãs o que ele mesmo recebeu: que aquela memorável noite a entrega de Cristo chegou a fazer-se sacramento permanente em um pão e em um vinho que convertem em alimento seu Corpo e seu Sangue para todos os que queiram recordá-lo e esperar sua vinda no final dos tempos, ficando assim instituída a Eucaristía.

A Santa Missa é então a celebração da Ceia do Senhor na qual Jesus, um dia como hoje, na véspera da su paixão, "enquanto ceava com seus discípulos tomou pão..." (Mt 26, 26).

Ele quis que, como em sua última Ceia, seus discípulos se reunissem e se recordassem dEle abençoando o pão e o vinho: "Fazei isto em memória de mim" (Lc 22,19).

Antes de ser entregue, Cristo se entrega como alimento. Entretanto, nesta Ceia, o Senhor Jesus celebra sua morte: o que fez, o fez como anúncio profético e oferecimento antecipado e real da sua morte antes da sua Paixão. Por isso "quando comemos deste pão y bebemos deste cálice, proclamamos a morte do Senhor até que ele volte" (1Cor 11, 26).

Assim podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial não tanto da Última Ceia, e sim da Morte de Cristo que é Senhor, e "Senhor da Morte", isto é, o Resuscitado cujo regresso esperamos de acordo com a promessa que Ele mesmo fez ao despedir-se: "Um pouco de tempo e já não me vereis, mais um pouco de tempo ainda e me vereis" (Jo 16, 16).

Como diz o prefácio deste dia: "Cristo verdadeiro e único sacerdote, se ofereceu como vítima de salvação e nos mandou perpetuar esta oferenda em sua comemoração". Porém esta Eucaristia deve ser celebrada com características próprias: como Missa "na Ceia do Senhor".

Nesta Missa, de maneira diferente de todas as demais Eucaristias, não celebramos "diretamente" nem a morte nem a ressurreição de Cristo. Não nos adiantamos à Sexta-feira Santa nem à noite de Páscoa.

Hoje celebramos a alegria de saber que esta morte do Senhor, que não terminou no fracasso mas no êxito, teve um por quê e um para quê: foi uma "entrega", um "dar-se", foi "por algo"ou melhor dizendo, "por alguém" e nada menos que por "nós e por nossa salvação" (Credo). "Ninguém a tira de mim,(Jesus se refere à sua vida) mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la." (Jo 10, 18), e hoje nos diz que foi para "remissão dos pecados" (Mt 26, 28c).

Por isso esta Eucaristia deve ser celebrada o mais solenemente possível, porém, nos cantos, na mensagem, nos símbolos, não deve ser nem tão festiva nem tão jubilosamente explosiva como a Noite de Páscoa, noite em que celebramos o desfecho glorioso desta entrega, sem a qual tivesse sido inútil; tivesse sido apenas a entrega de alguém mais que morre pelos pobres e não os liberta. Porém não está repleta da solene e contrita tristeza da Sexta-feira Santa, porque o que nos interessa "sublinhar" neste momento, é que "o Pai entregou o Seu Filho para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"(Jo 3, 16) e que o Filho entregou-se voluntariamente a nós apesar de que fosse através da morte em uma cruz ignominiosa.

Hoje há alegria e a Igreja rompe a austeridade quaresmal cantando o "glória": é a alegria de quem se sabe amado por Deus; porém ao mesmo tempo é sóbria e dolorida, porque conhecemos o preço que Cristo pagou por nós.

Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor por Ele. Entretanto predomina o gozo porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que dá e se entrega con amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.

Podemos dizer que hoje celebramos com a liturgia (1a. Leitura) a Páscoa. Porém a da Noite do Êxodo (Ex 12) e não a da chegada à Terra Prometida (Js 5, 10-ss).

Hoje inicia a festa da "crise pascoal", isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte mas sim combatida por ela. A noite do sábado de Glória é o canto à vitória porém tingida de sangue, e hoje é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor.

Celebração do Tríduo Pascal

Celebração do Tríduo Pascal



O espírito quaresmal nos encaminha para a Semana Santa, que precede a Páscoa.

Na segunda, terça e quarta-feira da Semana Santa, a Igreja prepara-se para o Tríduo Pascal, contemplando o Servo sofredor. Nesse período, aparecem como figuras eloquentes, Maria, a Mãe de Jesus, Maria Madalena, que perfuma o corpo do Senhor, Pedro e Judas.

Na liturgia romana o Tríduo Pascal é ponto culminante: "não se trata de um tríduo preparatório para a festa da Páscoa, mas são três dias de Cristo crucificado, morto e ressuscitado. Tem início na celebração da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, na missa vespertina, terminando com o domingo de Páscoa". São dias dedicados a celebrações e orações especiais.

Na Quinta-feira Santa comemoramos a última Ceia da páscoa hebraica que Jesus fez com os 12 apóstolos antes de ser preso e levado à morte na cruz. Durante esta ceia, Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio Cristão, prefigurando o evento novo da Páscoa cristã que haveria de se realizar dois dias depois.

O Cordeiro pascal a partir dessa ceia, é Ele próprio, que se oferece num voluntário sacrifício de expiação, de louvor e de agradecimento ao Pai, mareando assim a definitiva aliança de Deus com toda a humanidade redimida do poder do maligno e da morte.

A simbologia do sacrifício é expressa pela separação dos dois elementos: o pão e o vinho, a carne e o sangue, o Corpo e o Espírito de Jesus, inseparavelmente unidos e separados, sinal misterioso ao mesmo tempo de vida e de morte.

Esse evento do mistério de Jesus é também profecia e realização do primado do amor e do serviço na sua vida e na dos que crêem, o
que se tornou manifesto no gesto do lava-pés.

Depois do longo silêncio quaresmal, a liturgia canta o Glória. Ao término da liturgia eucarística, tiram-se as toalhas do altar-mor para indicar o abandono que o Senhor vai encontrar agora; a santa Eucaristia, que não poderá ser consagrada no dia seguinte, é exposta solenemente com procissão interna e externa a igreja e a seguir recolocada sobre o altar da Deposição até a meia-noite para adoração por parte dos fiéis.

Na Sexta-feira Santa a Igreja não celebra a Eucaristia. Recorda a Morte de Cristo por uma celebração da Palavra de Deus, constando de leituras bíblicas, de preces solenes, adoração da cruz e comunhão sacramental.

A noite do Sábado Santo é a "mãe de todas as vigílias", a celebração central de nossa fé, nela a Igreja espera, velando, a ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos.

A liturgia da Noite Pascal tem as seguintes partes: Celebração da Luz, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal e Liturgia Eucarística.

O Tríduo Pascal termina com as Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na verdade o Cristo ressuscitou, aleluia! A ele o poder e a glória pêlos séculos eternos.

Por que se confessar na Semana Santa?

Por que se confessar na Semana Santa?




Queremos, no início da Semana Santa, apresentar um itinerário teológico acerca do Sacramento da Penitência. Diz o Catecismo da Igreja Católica, no seu número 1422, que “aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão”.

O Sacramento da Penitência é o sacramento da conversão profunda, porque realiza, de maneira sacramental, o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, do qual o pecador se afasta pelo pecado. Pode, também, ser chamado de Sacramento da Confissão, porque o penitente reconhece diante do sacerdote ser pecador e confessa os seus pecados, reconhecendo o delito e pedindo a santidade de Deus e a sua infinita misericórdia pelo perdão de seus pecados. Pode, ainda, ser chamado de Sacramento do Perdão, porque pela absolvição sacramental do sacerdote o penitente recebe da parte de Deus e da Igreja o perdão e a paz. Por fim, é chamado de Sacramento da Reconciliação, porque no ato de se confessar o pecador recebe o amor generoso do Pai e reconcilia-se com Deus, com a comunidade e com os irmãos.

Aproximar-se do confessionário, depois de um acurado exame de consciência, é viver o apelo de Jesus à conversão e à penitência. Sim, uma conversão profunda de dentro para fora, do coração. O Catecismo da Igreja Católica no seu número 1432 ensina que “o coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: ‘Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos’ (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d'Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram”.

No tempo em que freqüentávamos a catequese paroquial, aprendemos que o pecado é, acima de tudo, uma grave ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele e com a Igreja. Sabemos, também, que só Deus perdoa os pecados. Mas Jesus concedeu aos seus discípulos e à Igreja a graça de perdoar os pecados e de não perdoá-los. Por isso, Jesus Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes para aqueles que, depois do Batismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial e comunitária. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converterem e de reencontrarem a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça.

Por isso, o fiel, ciente de que deve se confessar pelo menos uma vez por ano pela Páscoa da salvação, ao receber a absolvição deve ficar atento à fórmula da absolvição, quando o presbítero diz que o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão e que Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja.

O fiel que se aproxima da confissão deve acusar ao sacerdote os seus pecados, para se libertar deles e facilitar a sua reconciliação com os outros. Por isso, é fundamental que o fiel enumere todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos dos Dez Mandamentos de Deus; porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos.

Quem está obrigado a se confessar?

Segundo o mandamento da Igreja, todo fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano. Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição, sem ter previamente recebido a absolvição sacramental; a não ser que tenha um motivo grave para comungar e não lhe seja possível encontrar-se com um confessor.

Não podemos nos descurar na confissão das faltas quotidianas (pecados veniais), vivamente recomendada pela Igreja. A confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência neste sacramento o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele.

Como se confessar?

Após um meticuloso exame de consciência para a confissão, por meio da oração e do exame de consciência, o fiel aguarda pacientemente a sua vez, invocando para si e para o próximo a luz do Espírito Santo e a graça de uma conversão radical. Aproximando-se do sacerdote no confessionário, ele faz o sinal-da-cruz e deve iniciar a confissão dizendo: "Padre, dai-me a vossa bênção, porque pequei". Em seguida, com a maior precisão possível, diz o tempo transcorrido desde a última confissão, seu estado de vida (celibatário, casado, viúvo, estudante, consagrado, noivo ou namorado...) e se cumpriu a penitência recebida da última confissão. Pode ainda levar ao conhecimento do confessor os acontecimentos nos quais se sentiu particularmente perto de Deus, os progressos feitos na vida espiritual. Segue-se a confissão dos pecados, com simplicidade e humildade, expondo os fatos que são transgressões da lei de Deus e que mais intensamente pesam na consciência.

Primeiro, são confessados os pecados graves ou mortais, conforme sua espécie e número, sem perder-se em detalhes e sem diminuir a própria responsabilidade. Para se obter um aumento da graça e força no caminho de imitação de Cristo, confessam-se também os pecados veniais. Depois, dispõe-se a acolher os conselhos e advertências do confessor aceitando a penitência proposta. O penitente reza o ato de contrição e o sacerdote pronuncia a fórmula da absolvição. Ele despede-se do sacerdote respondendo à sua saudação: "Demos graças a Deus", e então permanece um pouco na Igreja agradecendo ao Senhor.

Torna-se oportuno, ainda, lembrarmo-nos o ato de contrição: “Meu Deus, tenho muita pena de ter pecado, pois ofendi a Vós e mereci ser castigado. Meu Pai e Salvador, perdoai-me, não quero mais pecar. Amém.”

A confissão é importante não só na quaresma, ou na Semana Santa, mas durante todo o ano, porque ela é justamente o sacramento que nos reconcilia e tem o poder curativo em nós, quando descobrimos que a cada confissão a gente se propõe a uma mudança. Ela é curativa e faz crescer. Sempre que você se restaura de um erro, de uma fragilidade, também se projeta para crescer, a partir daquilo.

De forma muito especial, na Semana Santa, a confissão é fundamental, porque é um tempo específico de conversão. Na verdade, a confissão é uma mola propulsora da conversão, da renovação, da páscoa, que é passagem do pecado para a vida da graça.

Domingo de Ramos

Domingo de Ramos


A Semana Santa é o grande retiro espiritual, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

No Domingo de Ramos, celebra-se a entrada de Jesus em Jerusalém, aonde vai para completar sua missão, que culminará com a morte na cruz. Os evangelhos relatam que muitas pessoas homenagearam a Jesus, estendendo mantos pelo chão e aclamando-o com ramos de árvores. Por isso hoje os fiéis carregam ramos, recordando o acontecimento. Imitando o gesto do povo em Jerusalém, querem exprimir que Jesus é o único mestre e Senhor.

No início da celebração, antes da procissão, é proclamado o evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém, rompendo os esquemas de poder, montado num humilde jumentinho. A cavalgadura não é dos poderosos, mas a dos pobres e despojados. E recebe o reconhecimento da multidão: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor!”

A entrada do Salvador em Jerusalém é anúncio e figura da ressurreição. Mas vai além disso: é o anúncio da vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos para fazer entrar na Nova Jerusalém (o céu) todos que o seguiram com fidelidade.

A liturgia de Ramos resume e prepara a grande celebração da morte e ressurreição do Senhor. De um lado aclamamos Jesus, rei humilde, servidor do povo, glorificado pelo Pai e constituído Senhor do universo. Depois, na Liturgia da Palavra, é proclamado o evangelho da paixão e morte de Jesus, colocando os fiéis diante da realidade da cruz, sinal máximo do amor de Deus pelos homens.



Vivendo a Semana Santa




A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

DOMINGO DE RAMOS - A celebração desse dia lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, aonde vai para completar sua missão, que culminará com a morte na cruz. Os evangelhos relatam que muitas pessoas homenagearam a Jesus, estendendo mantos pelo chão e aclamando-o com ramos de árvores. Por isso hoje os fiéis carregam ramos, recordando o acontecimento. Imitando o gesto do povo em Jerusalém, querem exprimir que Jesus é o único mestre e Senhor.

2ª A 4ª FEIRAS – Nestes dias, a Liturgia apresenta textos bíblicos que enfocam a missão redentora de Cristo. Nesses dias não há nenhuma celebração litúrgica especial, mas nas comunidades paroquiais, é costume realizarem procissões, vias-sacras, celebrações penitenciais e outras, procurando realçar o sentido da Semana.

Tríduo Pascal

O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal (ou Tríduo Sacro) que se inicia com a missa vespertina da Quinta-feira Santa e se conclui com a Vigília Pascal, no Sábado Santo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério pascal. Por isso, nas celebrações da quinta-feira à noite e da sexta-feira não se dá a bênção final; ela só será dada, solenemente, no final da Vigília Pascal.

QUINTA-FEIRA SANTA - Neste dia celebra-se a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. A Eucaristia é o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, que se oferece como alimento espiritual.

De manhã só há uma celebração, a Missa do Crisma que, na nossa diocese, é realizada na noite de quarta-feira, permitindo que mais pessoas possam participar.

Na quinta-feira à noite acontece a celebração solene da Missa, em que se recorda a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio ministerial. Nessa missa realiza-se a cerimônia do lava-pés, em que o celebrante recorda o gesto de Cristo que lavou os pés dos seus apóstolos. Esse gesto procura transmitir a mensagem de que o cristão deve ser humilde e servidor.

Nessa celebração também se recorda o mandamento novo que Jesus deixou: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei.” Comungar o corpo e sangue de Cristo na Eucaristia implica a vivência do amor fraterno e do serviço. Essa é a lição da celebração.

SEXTA-FEIRA SANTA - A Igreja contempla o mistério do grande amor de Deus pelos homens. Ela se recolhe no silêncio, na oração e na escuta da palavra divina, procurando entender o significado profundo da morte do Senhor. Neste dia não há missa. À tarde acontece a Celebração da Paixão e Morte de Jesus, com a proclamação da Palavra, a oração universal, a adoração da cruz e a distribuição da Sagrada Comunhão.

Na primeira parte, são proclamados um texto do profeta Isaías sobre o Servo Sofredor, figura de Cristo, outro da Carta aos Hebreus que ressalta a fidelidade de Jesus ao projeto do Pai e o relato da paixão e morte de Cristo do evangelista João. São três textos muito ricos e que se completam, ressaltando a missão salvadora de Jesus Cristo.

O segundo momento é a Oração Universal, compreendendo diversas preces pela Igreja e pela humanidade. Aos pés do Redentor imolado, a Igreja faz as suas súplicas confiante. Depois segue-se o momento solene e profundo da apresentação da Cruz, convidando todos a adorarem o Salvador nela pregado: “Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. – Vinde adoremos”.

E o quarto momento é a comunhão. Todos revivem a morte do Senhor e querem receber seu corpo e sangue; é a proclamação da fé no Cristo que morreu, mas ressuscitou.

Nesse dia a Igreja pede o sacrifício do jejum e da abstinência de carne, como ato de homenagem e gratidão a Cristo, para ajudar-nos a viver mais intensamente esse mistério, e como gesto de solidariedade com tantos irmãos que não têm o necessário para viver.

Mas a Semana Santa não se encerra com a sexta-feira, mas no dia seguinte quando se celebra a vitória de Jesus. Só há sentido em celebrar a cruz quando se vive a certeza da ressurreição.

VIGÍLIA PASCAL - Sábado Santo é dia de “luto”, de silêncio e de oração. A Igreja permanece junto ao sepulcro, meditando no mistério da morte do Senhor e na expectativa de sua ressurreição. Durante o dia não há missa, batizado, casamento, nenhuma celebração.

À noite, a Igreja celebra a solene Vigília Pascal, a “mãe de todas as vigílias”, revivendo a ressurreição de Cristo, sal vitória sobre o pecado e a morte. A cerimônia é carregada de ricos simbolismos que nos lembram a ação de Deus, a luz e a vida nova que brotam da ressurreição de Cristo.



O lava-pés


A quaresma é tempo de fazer "caminho" com Jesus, para chegar à Ressurreição. Fazer caminho significa conversão e seguimento. A quaresma sempre nos propõe a olhar os gestos de Jesus e para uma verdadeira conversão.

O que significa converter-se num mundo que nos propõe todas as facilidades para viver globalmente o individualismo?

Jesus ao percorrer o caminho da cruz não pensa nele, nas suas dores, mas nas dores de tantos crucificados como Ele, que buscam a Ressurreição. A cruz é sinal de conversão, mudança, transformação para a conquista de mais vida.

Páscoa é passar de uma vida centrada sobre nos mesmos, sobre o nosso egoísmo, para uma vida solidária com os muitos irmãos marginalizados em nossa sociedade. Portanto, o anúncio cristão não pára na cruz. No meio de nós está presente Jesus, o Ressuscitado, o Deus vivo. Antes de tomar o caminho da cruz, Jesus nos apresenta uma proposta de vida, que é um programa de conversão: o lava-pés. O lava-pés traduz toda a vida de Jesus: o amor. "Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (Jo 13, 1) ou seja até as últimas conseqüências do gesto de amar, isto é, até a cruz: "Tudo está realizado" (Jo 19,30).

Vamos acompanhar os gestos praticados por Jesus no lava-pés (Jo 13, 4-11). Este aconteceu numa refeição. Estar ao redor de uma mesa é sentar-se e partilhar as alegrias, as angústias, as emoções..., também algo para comer.

- Jesus levantou-se da mesa. Ele nos diz que é preciso sair do nosso egoísmo, mobilizar-se, ir ao encontro dos outros.

- Tirou o manto. Jesus se esvazia de si mesmo e coloca-se na condição de servo. Ele nos ensina sobre a necessidade de despojar-se de tudo o que divide, dos fechamentos, das barreiras, dos medos, das inseguranças, que nos bloqueiam na prática do bem.

- Pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. Jesus põe o avental para servir. "Aquele que era de condição divina, humilhou-se a si mesmo" (Fl 2, 6-8). Ele nos propõe o uso do avental do servir na disponibilidade, e na generosidade, e ainda do comprometer-se com os mais necessitados e colocar-se em último lugar.

- Colocou água na bacia. Jesus usa instrumentos da cultura do povo: água e bacia. Repete um gesto que era feito pelos escravos ou pelas mulheres. Ele quer nos dizer que para anunciar sua proposta é preciso entender, conhecer, assumir o que o povo vive, sofre, sonha...

- E começou a lavar os pés dos discípulos. Para lavar os pés Jesus se inclina, olha, percebe e acolhe a reação de cada discípulo. Com o lavar os pés, Jesus nos compromete a acolher os outros com alegria, sem discriminações, a escutar com paciência, a partilhar os nossos dons...

- Enxugando com a toalha que tinha na cintura. Jesus enxuga os pés calejados, rudes e descalços de seus discípulos. São muitos os gestos que Jesus nos convida a praticar para amenizar os calos das dores de tantos irmãos: visita a doentes e idosos, organizar-se para atender crianças de rua, uma palavra de ânimo a aidéticos, valorização de nossos irmãos indígenas...

Diante da prática de Jesus podemos nos perguntar:
Quais os gestos concretos que nós como cristãos/ãs e catequistas, vamos assumir? Será que esta Páscoa pode ser igual a outras tantas?

Queremos ser a Igreja do avental, que se coloca a serviço na defesa dos que mais sofrem, dos que não têm defesa. Vamos com coragem vestir o avental do servir na alegria e testemunhar todos os gestos praticados por Jesus. Só assim poderemos realizar sempre a festa da Ressurreição. Feliz Páscoa!

A quaresma se inicia com a Quarta-feira de cinzas. Por que?

A quaresma se inicia com a Quarta-feira de cinzas. Por que?



História da Quarta-feira de cinzas da Quaresma

Com a Quarta-Feira de Cinzas, começa oficialmente o tempo da Quaresma e o Ciclo Pascal.

Quaresma, uma vez mais. Tempo forte na caminhada do ano eclesiástico. Convite e apelo para o silêncio, a prece, a conversão.

E quando se fala em quaresma, geralmente a gente tem uma idéia de uma coisa negativa, como antigamente.

Tempo de medo, de cachorro zangado, de mula sem cabeça e outras coisas mais.Para outros a quaresma parece superada pelo modernismo e é hoje apenas uma recordação negativa do passado ou um retrato na parede, simplesmente.

Penso, para nós cristãos é o tempo de conversão, de mudança de vida, de acolher com mais amor a misericórdia de Deus que nos quer perdoar.

E é também o tempo onde as comunidades se preparam para viver o mistério da páscoa. Isto é, tempo da hora de Jesus Cristo do seu seguimento em que ele caminha em direção da sua hora que é a entrega total da sua vida a Deus pelos homens, seus irmãos.A quaresma é para cada um de nós um tempo de oração e de conversão.

Tempo de crescer em comunhão com todos os homens, principalmente com os mais pobres e necessitados.

Eles nos lembram o rosto sofrido de Jesus e nos convidam a viver com mais fidelidade a caridade, o amor fraterno, que o Evangelho exige de nós.:

A quaresma se inicia com a Quarta-feira de cinzas. Por que?

A Bíblia nos conta que, certa vez, o general Holofernes, com um grande exército, marchou contra a cidade de Betúlia. O povo da cidade, aterrorizado, reuniu-se para rezar a Deus. E todos cobriram de cinzas as suas cabeças, pedindo o perdão e a misericórdia de Deus. E Deus salvou o povo pelas mãos de Judite. A cinza, por sua leveza, é figura das coisas que se acabam e desaparecem. É usada como um sinal de penitência e de luto. Nós a usamos hoje, neste Quarta-feira de cinzas, o primeiro dia da quaresma, reconhecendo que somos pecadores e pedindo perdão de Deus, desejosos de mudarmos de vida.

Quarta-feira de cinzas tempo de jejum e abstinêcia!

Certa vez, numa exposição de pinturas em Londres, um artista apresentou um quadro que ficou famoso. Quem olhasse para aquela pintura, à primeira vista tinha a impressão de estar vendo um homem piedoso em atitude de oração: ajoelhado, de mãos postas, cabeça baixa, possuído de grande paz interior. Aproximando-se, porém, da tela e vendo com mais atenção, percebia-se que a coisa era bem diferente: via-se um homem espremendo um limão num copo, tendo o rosto tomado de ira. O genial pintor quis retratar ali um homem hipócrita. De fato, olhando superficialmente, o hipócrita parece um homem piedoso. Mas é só aparência. Na realidade, até quando está rezando, está muitas vezes tramando alguma coisa contra alguém. O grande pecado do hipócrita é esse: Ele não serve a Deus. Pelo contrário: serve-se de Deus. É um falso santo. Tem mãos postas, a cabeça inclinada e olhar de piedade, mas não está orando. Ao contrário: está apenas tirando proveito da religião em benefício de seu egoísmo. Esse tipo de gente só faz mal à Igreja tanto é que, quando a televisão quer ridicularizar a religião, focaliza esses piedosos hipócritas. Mostra tais beatas rezando na igreja, com véu na cabeça, rosário na mão e olhares piedosos... Depois mostra os mesmos fazendo o contrário fora da Igreja.

Jesus era chamado de o bom mestre. Como de fato Ele o era. Perdoou a Maria Madalena, a pecadora, perdoou a Pedro que o traiu, perdoou o ladrão no alto da cruz, mas se existia uma classe de gente que ele não engolia eram os escribas e os fariseus. Para eles Jesus lançou as palavras mais duras: "Ai de vós escribas e fariseus hipócritas... vós pareceis com os sepulcros caiados , que é pintado por fora, mais lá dentro existe toda a espécie de podridão". Gostavam de se mostrar ao fazer o jejum, ao dar esmolas, pagar o dízimo, etc.O jejum, a esmola e a oração são expressões de nossa gratidão a Deus por tudo o que ele nos concede, por isso não há motivo para exaltar nossas ações caridosas perante os homens.

Quaresma

Quaresma


Com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo extraordinário de busca da conversão e vivência do tempo de graça e salvação. Através da oração, do jejum, da prática da caridade, da escuta da Palavra de Deus, da participação dos sacramentos, na vida comunitária e na prática do amor solidário, somos convidados pela Mãe Igreja a viver, de maneira intensa, o momento mais importante do ano litúrgico e da história da salvação: a Páscoa. Por isso mesmo, a Quaresma nos prepara para esse momento sublime.

Devemos, contudo, alimentar o receio de que seja apenas mais uma Quaresma, que corre célere com a velocidade do tempo, sem pararmos para confrontar toda a nossa vida com Deus e com a Páscoa do Seu Filho Jesus Cristo. Receio de que a Páscoa nos surpreenda na rotina da nossa vida. Que não tomemos a sério a advertência do Apóstolo Paulo: “Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação” (2Cor. 6,2).

Qual o significado da Quaresma em uma sociedade secularizada? A Quaresma é, para a Igreja, um momento de verdade, de se assumir como “resto fiel”, povo que o Senhor escolheu e conduz. É o tempo propício para assumirmos corajosamente a nossa diferença no mundo em que vivemos: diferença na fé, nas motivações e nos critérios. É tempo de penetrar nos desígnios de Deus a nosso respeito, de percebermos que Ele tem uma vontade para o Seu povo, onde revela os caminhos da vida e que nos fortalece com o Seu Espírito, para podermos percorrê-los. Tomemos consciência de que a Quaresma tem de ser, para nós, tempo de discernimento e de fidelidade.

A Quaresma nos pede, em primeiro lugar, uma amizade sincera e profunda com Nosso Senhor. Nesse sentido, é atual o grito dramático do Profeta Joel: “Convertei-vos a Mim, de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração, não os vossos vestidos. Convertei-vos ao Senhor vosso Deus” (Jl 2,12-13). Num tom igualmente sério, São Paulo Apóstolo escreve aos Coríntios: “Nós vos pedimos, em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus” (2Cor 5,20). Portanto, se nós, cristãos, não acolhemos estes apelos, quem os há-de ouvir?

Este tempo litúrgico quer, ainda, nos ajudar a voltar os olhos para Deus, numa sociedade em que Deus foi relativizado. Está na moda fazer um profissão de fé do agnosticismo. O homem, considerado como indivíduo, e não como pessoa, necessariamente comprometido com uma comunidade, tornou-se o único critério de verdade e de discernimento ético. Deus deixou de ter lugar na história. Apesar do apregoado respeito pelas religiões e pela fé de quem acredita, alguns não hesitam em brincar com o sagrado; chegou-se mesmo a apregoar, em nome da liberdade, o direito à blasfêmia.

Urge reafirmar que, para nós que buscamos o rosto de Deus e procuramos viver a vida em diálogo com Ele, isso nos indigna e magoa, porque temos gravado no nosso coração aquele mandamento primordial: “não invocarás o Santo Nome de Deus em vão”, porque com o sagrado não se brinca. O respeito pelo sagrado é algo que a cultura não pode pôr em questão, mesmo em nome da liberdade. A todos esses que sentem não acreditar em Deus, eu digo em nome dos meus irmãos na fé em Cristo: a vossa dificuldade em acreditar em Deus não toca na realidade insofismável de Deus. Nós respeitamos a vossa descrença e não hesitamos em dar-vos as mãos em todas as lutas pelo bem e por causas justas. Mas respeitai a nossa fé, mesmo no exercício da vossa liberdade. Sobretudo, respeitai Deus em quem acreditamos.

Nesse primeiro dia da Quaresma, dia de jejum e de abstinência de carne, ouviremos o apelo dramático para sermos abertos à conversão ao Senhor nosso Deus, que nos chama à conversão, à penitência e à mudança radical de vida, procurando redescobrir a Sua Lei, a santa Lei de Deus. Ele tem uma vontade a nosso respeito, um desígnio de amor que nos revela pela Sua Palavra. A Lei de Deus é revelação e chamamento e o exercício da nossa liberdade só pode ser uma obediência a essa Palavra. Esse caminho de obediência é difícil e exigente, mas é possível com a força do Seu amor. Só Deus torna possível a nossa fidelidade, vivendo a vida segundo a Sua vontade, percorrendo os caminhos do Seu desígnio.

A Quaresma é um tempo em que somos chamados a viver ao ritmo da graça, recorrendo a todas as ajudas que, para isso, Deus nos dá por Jesus Cristo, através da força sacramental da Igreja. Não tenhamos ilusões. Muitas das fragilidades dos cristãos devem-se ao fato de reduzirem a sua vida à ordem da natureza, esquecendo que a retidão natural, mesmo que se consiga, não é ainda a santidade. Daí, a Quaresma nos apresenta uma forte interpelação à conversão, o que significa aceitar os nossos pecados e a confiança na misericórdia transformadora de Deus. Não tenhamos ilusões: somos todos pecadores e talvez o nosso principal drama seja o de não identificarmos os nossos pecados, no concreto da nossa vida. E essa situação só mudará se nos convertermos ao Deus Vivo e voltarmos a amar a Sua Lei. A conversão é uma experiência de realismo e de confiança: realismo de quem reconhece o seu pecado, confiança na infinita misericórdia de Deus: “Ele é clemente e compassivo, paciente e misericordioso, pronto a desistir dos castigos que promete” (Jl 2,13).

Com a cerimônia da imposição das cinzas, neste dia, inaugura-se a Quaresma, estação espiritual particularmente relevante para todo cristão que quer se preparar dignamente para viver o Mistério Pascal, quer dizer, a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. Este tempo vigoroso do Ano Litúrgico se caracteriza pela mensagem bíblica que pode ser resumida em uma palavra: “matanoeiete”, que quer dizer "convertei-vos". Este imperativo é proposto à mente dos fiéis mediante o austero rito da imposição das cinzas, o qual, com as palavras “Convertei-vos e crede no Evangelho” e com a expressão “Lembra-te de que és pó e para o pó voltarás”, a Igreja convida todos à reflexão sobre o dever da conversão, recordando a inexorável caducidade e efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte. A sugestiva cerimônia das cinzas eleva nossa mente à realidade eterna que não passa jamais, a Deus, princípio e fim, alfa e ômega de nossa existência.

A conversão não é, com efeito, nada mais que um voltar a Deus, valorizando as realidades terrenas sob a luz indefectível de sua verdade. Uma valorização que implica uma consciência cada vez mais diáfana do fato de que estamos de passagem neste fadigoso itinerário sobre a terra e que nos impulsiona e estimula a trabalhar até o final, a fim de que o Reino de Deus se instaure dentro de nós e triunfe em sua justiça.

Oração, conversão, penitência, jejum, esmola(cf. Mt 6,1-6.16-18), mudança de mentalidade, são estas expressões de livre positivo esforço no seguimento de Cristo, buscando uma vida digna, com segurança, sempre sintonizados com a Campanha da Fraternidade que nos convida a refletir sobre a Fraternidade e a segurança Pública. Que tenhamos uma Quaresma realmente propícia para a mudança de mentalidade e para a busca do Rosto de Deus.

Tempo da Quaresma

Tempo da Quaresma



Convertei-vos e crede no Evangelho. Lembra-te que és pó e ao pó retornarás” São duas reflexões que nos são propostas quando o ministro sagrado, num gesto sacramental, impõe cinzas sobre nossas cabeças que se curvam penitentes.

Não vamos receber as cinzas como num ritual sem sentido. Conscientes do pecado do mundo, do nosso pecado também, que quer destruir o plano divino, caminhamos ao encontro da misericórdia de Deus que, pela Encarnação de seu Filho vem restaurar a Humanidade e a todo o Universo.

A pregação do profeta Joel que, neste primeiro dia da Quaresma, ecoa em toda a Igreja, nos convoca a conversão, a rasgar nosso coração na sua profundeza, ao arrependimento e a nos abrirmos à bondade divina, acreditando no Evangelho.

A penitência que fazemos, o jejum,a oração e a esmola não são obras externas. Nascidas no interior da nossa consciência, apresentamo-las ao Pai, sem trombetearmos pelas ruas e praças, mas na humildade do publicano que, do fundo do templo, batia no peito dizendo “Meu Deus, tem piedade mim que sou pecador” (Lc. 18,13).

E sendo uma penitência eclesial, ela não é exclusivamente pessoal; é a penitência de todos os que, batizados, cremos na redenção que, pela sua paixão e morte, o Filho de Deus traz a humanidade na confirmação de sua ressurreição.

A nossa falta de fidelidade ao Evangelho, ao reconhecimento do único Deus verdadeiro, à fraternidade entre os irmãos deve conduzir-nos à uma conversão sincera, aos valores que reconhecemos pela fé. “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto. Convertei-vos e crede no Evangelho.” (Mc 1, 15)

Sintonizados com os nossos Pastores, procuramos descobrir onde estamos mais falhos na fé e na missão. No Brasil, neste ano, vamos meditar na solidariedade e segurança. A falta de fé e solidariedade conduziu-nos a uma angústia do medo. Fechamos nossas casas e nossas propriedades. Fechamo-nos a nós mesmos. Não reconhecemos o próximo. Queremos uma segurança pessoal, como se a técnica e os homens pudessem nô-la dar.

Esquecemo-nos do que nos pode garantir a tranqüilidade e a paz: a caridade, o amor. Enquanto continuarmos a considerar o homem como lobo do próprio homem, e passarmos ao largo da miséria como se nada tivéssemos a ver com ela, enquanto espoliarmos o próximo no liberalismo da política econômica e da política social, em vão procuraremos segurança.

A paz só nos advém da Justiça. Não da justiça farisaica, que foi condenada por Jesus: “Se a vossa justiça não for superior à dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus.” (Mt. 5,20). A verdadeira Justiça é a santidade, que supera o “dente por dente e o olho por olho”, no amor, buscando com todas as forças a perfeição, como o Mestre conclui sua pregação: “Sede, portanto, perfeitos, como vosso Pai Celeste.” (Mt. 5, 39-48)

A reflexão sobre o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, leva-nos a sair de nós mesmos, do nosso medo, da atribuição de culpa a outrem. Procuremos contribuir na construção do Reino, na solidariedade com nossos irmãos.

A nossa penitência não pode ser exterior, como pregava São Leão, Papa, no sermão 4 da Quaresma: “Não só na abstinência de alimento consiste nosso jejum: para frutuosamente subtrairmos o alimento ao corpo temos de arrancar a iniqüidade do nosso espírito.”

Bento XVI na sua mensagem quaresmal, ressaltando as práticas penitenciais, sobretudo do jejum, insiste no mesmo tema: “A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma, abrindo-a ao amor de Deus e do próximo.”

A purificação da nossa vida de fé, refletindo numa caridade sem limites nos levará a pratica da justiça, a sermos perfeitos como o Pai, a quem, seguros e libertos, podemos confiar nossos dias: “Aquele que habita à sombra do Altíssimo, descansará na proteção do Deus do Céu”. (Sl.91 (90).

Significado da festa =Apresentação do Senhor no templo

Significado da festa



A festa da Apresentação celebra uma chegada e um encontro; a chegada do Salvador esperado, núcleo da vida religiosa do povo, e as boas-vindas concedida a ele por dois representantes dignos da raça eleita, Simeão e Ana. Por sua proveta idade, estes dois personagens simbolizam os séculos de espera e de fervoroso anseio dos homens e mulheres devotos da antiga aliança. Na realidade, representam a esperança e o anseio da raça humana.

Ao reviver este mistério na fé, a Igreja dá novamente as boas-vindas a Cristo. Esse é o verdadeiro sentido da festa. É a "Festa do Encontro", o encontro de Cristo e sua Igreja. Isto vale para qualquer celebração litúrgica, mas especialmente para esta festa. A liturgia nos convida a dar as boas-vindas a Cristo e a sua mãe, como o fez seu próprio povo de então: "Ó Sião, enfeita teu quarto nupcial e dá boas-vindas a Cristo Rei; abraça a Maria, porque ela é a verdadeira porta do céu e traz o glorioso Rei da luz nova"2.

Ao dramatizar desta maneira a lembrança deste encontro de Cristo com Simeão, a Igreja nos pede que professemos publicamente nossa fé na Luz do mundo, luz de revelação para todo povo e pessoa.

Na belíssima introdução à benção das velas e a procissão, o celebrante lembra como Simeão e Ana, guiados pelo Espírito, vieram ao templo e reconheceram a Cristo como seu Senhor. E conclui com o seguinte convite: "Unidos pelo Espírito, vamos agora à casa de Deus dar as boas-vindas a Cristo, o Senhor. O reconheceremos na fração do pão até que venha novamente em sua glória".

Refere-se claramente ao encontro sacramental, ao que a procissão serve de prelúdio. Respondemos ao convite: "Vamos em paz ao encontro do Senhor"; e sabemos que este encontro será na eucaristia, na palavra e no sacramento Entramos em contato com Cristo através da liturgia; por ela temos também acesso a sua graça. Santo Ambrósio escreve deste encontro sacramental em uma página insuperável: "Te revelaste face a face, ó Cristo. Em teus sacramentos te encontro".

Função de Maria. A festa da apresentação é, como dissemos, uma festa de Cristo antes do que qualquer outra coisa. É um mistério de salvação. O nome "apresentação" tem um conteúdo muito rico. Fala de oferecimento, sacrifício. Recorda a auto-oblação inicial de Cristo, palavra encarnada, quando entrou no mundo: “Eis-me aqui para fazer tua vontade". Aponta à vida de sacrifício e à perfeição final dessa auto-oblação na colina do Calvário.

Dito isto; temos que passar a considerar o papel de Maria neste acontecimentos salvíficos. Depois de tudo, ela é a que apresenta a Jesus no templo; ou, mais corretamente, ela e seu esposo José, pois ambos pais são mencionados. E perguntamos: Tratava-se exclusivamente de cumprir o ritual prescrito, uma formalidade praticada por muitos outros pais? Ou guardava uma significação muito mais profunda que tudo isto? Os padres da Igreja e a tradição cristã respondem que sim.

Para Maria, a apresentação e oferenda de seu filho no templo não era um simples gesto ritual. Indubitavelmente, ela não era consciente de todas as implicações nem da significação profética deste ato. Ela não contemplar todas as conseqüências de seu fiat na anunciação. Mas foi um ato de oferecimento verdadeiro e consciente. Significava que ela oferecia seu filho para a obra da redenção com a que ele estava comprometido desde o princípio. Ela renunciava a seus direitos maternais e a toda pretensão sobre ele; e o oferecia à vontade do Pai. São Bernardo expressou muito bem isto: "Oferece teu filho, santa Virgem, e apresenta ao Senhor o fruto bendito de teu ventre. Oferece, para reconciliação de todos nós, a santa Vítima que é agradável a Deus'3.

Há um novo simbolismo no fato de que Maria coloca a seu filho nos braços de Simeão. Ao agir desta maneira, ela não o oferece exclusivamente ao Pai, mas também ao mundo, representado por aquele ancião. Dessa maneira, ela representa seu papel de mãe da humanidade, e nos lembra que o dom da vida em através de Maria.

Existe uma conexão entre este oferecimento e o que acontecerá no Gólgota quando serão executadas todas as implicações do ato inicial de obediência de Maria: "Faça-se em mim segundo tua palavra". Por essa ração, o evangelho desta festa carregada de alegria não nos exime da nota profética: "Eis que este menino está destinado para a queda e ressurgimento de muitos em Israel; será sinal de contradição, e uma espada atravessará tua alma, para que sejam descobertos os pensamentos de muitos corações" (Lc 2,34-35).

O encontro futuro. A festa de hoje não se limita a nos permitir reviver um acontecimento passado, mas nos projeta para o futuro. Prefigura nosso encontro final com Cristo em sua segunda vinda. São Sofrônio, patriarca de Jerusalém desde o ano de 634 até sua morte, em 638, expressou isto com eloqüência: "Por isso vamos em procissão com velas em nossas mãos e nos apressamos carregando luzes; queremos demonstrar que a luz brilhou para nós e significar a glória que deve chegar através dele. Por isso vamos juntos ao encontro com Deus".

A procissão representa a peregrinação da própria vida. O povo peregrino de Deus caminha penosamente através deste mundo do tempo, guiado pela luz de Cristo e sustentado pela esperanças de encontrar finalmente ao Senhor da glória em seu reino eterno. O sacerdote diz na benção das velas: "Que quem as levas para enaltecer tua glória caminhemos no caminho de bondade e vamos à luz que brilha para sempre".

A vela que levamos em nossas mão lembra a vela de nosso batismo. E o sacerdote diz: " guardem a chama da fé viva em seus corações. Que quando o Senhor vier saiam a seu encontro com todos os santos no reino celestial". Este será o encontro final, a apresentação , quando a luz da fé se converter na luz da glória. Então será a consumação de nosso mais profundo desejo, a graça que pedimos na pós-comunhão da missa:

Por estes sacramentos que recebemos, enche-nos com tua graça, Senhor, tu que encheste plenamente a esperança de Simeão; e assim como não o deixaste morrer sem ter segurando Cristo nos braços, concede a nós, que caminhamos ao encontro do Senhor, merecer o prêmio da vida eterna.

Sagrada Família

Sagrada Família




“Et venit Nazareth et erat subditus illis”. Estas palavras, escritas com a frieza e objetividade de um analista fiel, encerram a narração dos mistérios da Infância de Jesus Cristo. Durante 30 anos ficará Jesus na risonha cidadezinha da Galiléia na companhia de sua mãe, Maria e de José, obedecendo-lhes e prestando-lhes serviços. A piedade cristã santificou a memória da família nazaretana com a festa da Sagrada Família, no primeiro Domingo após Reis.

A vida em Nazaré era laboriosa. Casa pobre, cuja manutenção exigia a colaboração de todos. José em sua pequena oficina de carpinteiro, mãos calejadas no manejo dos instrumentos, ainda muito primitivos, de sua arte. Maria, com os arranjos de dona de casa modesta. Diariamente descia à fonte – a mesma que hoje é conhecida como fonte da Virgem – e entre as mulheres do povo, como uma delas, enchia cântaros com que abastecer a casa. Aqui, distribuía seu tempo entre o fuso e a cozinha, sem esquecer as orações e o estudo da lei e dos Profetas. Jesus, primeiro em casa, à Mãe, depois na oficina, à José, aliviava aos pais o peso do trabalho jornaleiro.

Não obstante, era uma vida feliz. Não faltava a paz, a harmonia, a paciência, a resignação. Todos constituíam um todo coerente solidamente alicerçado na obediência e respeito à hierarquia familiar: erat subditus illi. Jesus à Maria e José, como filho que é sujeito aos pais. Maria à José como conselheira prudente, mas submissa e atenciosa à autoridade do esposo. Relações todas tomadas normalmente como condição da natureza social do homem; desejadas, portanto de Deus, e ordenadas ao bem estar comum. Isso, era uma família feliz. Assim fosse todas e a vida social, feita das células familiares, gozaria da paz e prosperidade que lhe dariam os cidadãos mais, muito mais, de seus deveres do q eu de seus direitos. Antes, só se julgando com autoridade ao reconhecimento destes, depois de uma fidelidade integral no cumprimento daqueles.

Vamos a Nazaré aprender. Os pais em José a vigilância, o trabalho, a providência do lar. As mães em Maria, Virgem Deipara, o amor, o recato, a brancura do espírito, a firmeza e perfeita fidelidade. Os filho famílias, em Jesus, o exemplo divino da obediência ao superior legítimo, ainda que inferior em virtude, ciência e demais dotes naturais. Aprendam os nobres na família da régia estirpe, como agir com moderação no esplendor da fortuna, e conservar a dignidade na pobreza e penúria; pois que as virtudes é que fazem a glória e não as riquezas. Os operários e todos os mais que se irritam enormemente com as dificuldades da vida e a condição modesta, em Nazaré acharão seu título de orgulho, pois sua classe foi a escolhida pelo Senhor do Universo, quando se dignou visitar a terra, como nosso irmão. Tem eles de comum com a Sagrada Família, os trabalhos, as preocupações com o pão de cada dia, a necessidade de empregar o esforço muscular para manter a existência.

Tudo isto resume o evangelista na simples frase, cheia de salvação: “erat subditus illis”. O que falta ao homem é a obediência. Obediência a Deus, às suas disposições providenciais, aos seus prepostos. Por isso é ele infeliz.

Símbolos da celebração do Natal

Símbolos da celebração do Natal


DATA - A comemoração do Natal no dia 25 de dezembro iniciou-se no ano 336, por decisão do Papa Júlio I. Até essa época o Natal era comemorado em diversas datas, conforme a tradição de cada país, pois os evangelhos não trazem nenhuma informação sobre a data precisa para o nascimento de Jesus. O dia 25 foi escolhido para substituir as festas pagãs do “natalis Solis invictus” (o nascimento do Sol invicto). Para os cristãos, Jesus é o verdadeiro sol que ilumina todo homem. Portanto, em um processo de inculturação do evangelho, a Igreja substituiu as festas pagãs em homenagem ao astro-rei por uma homenagem ao verdadeiro Rei.
PRESÉPIO - É o mais significativo dos símbolos do Natal. O primeiro presépio de que se tem notícia foi montado por São Francisco de Assis, na cidade italiana de Greccio, no ano de 1223. Francisco teve a idéia de reproduzir o cenário da noite de Belém: armou uma choupana, onde colocou a manjedoura, rodeada de animais, pronta para acolher os personagens centrais da narrativa: José, Maria e o Menino recém-nascido. Francisco chamou os habitantes das proximidades, para que na noite de Natal estivessem presentes naquele local humilde, que tão bem relembrava o episódio daquela outra "noite" bela e inesquecível, a do nascimento do Menino-Deus.
COROA - A palavra "advento" vem da expressão latina “ad venire”, que significa "o que há de vir". Trata-se do período de quatro semanas que antecedem ao Natal, durante o qual se costuma enfeitar as igrejas e os lares com a Coroa do Advento. É uma guirlanda, geralmente verde, sinal de esperança e de vida, enfeitada com uma fita vermelha, que simboliza o amor de Deus por nós.
ÁRVORE - No inverno rigoroso do Hemisfério Norte, debaixo da neve constante, as árvores perdem suas folhas e somente o pinheiro permanece verde. Desse modo, a Árvore de Natal representa a figura de Cristo, a verdadeira vida, em qualquer lugar e em qualquer tempo. As bolas coloridas que a enfeitam são símbolos dos dons que o nascimento de Jesus nos traz. Também representam as boas ações praticadas por quem segue Jesus.

A árvore de Natal é um sinal da “deslumbrante luz” de Jesus, afirmou o Papa Bento XVI ao receber (no dia 17 de dezembro de 2005) um grupo de peregrinos da Áustria, entre os quais se encontravam representantes civis e eclesiásticos, que o presentearam com uma imponente árvore procedente dos bosques de Eferding e que brilhou na Praça São Pedro, no Vaticano. “Com sua luminosa presença, Jesus dissipou as trevas do erro e do pecado e trouxe à humanidade a alegria da deslumbrante luz divina, da qual a árvore natalina é sinal e recordação” – disse o papa. Ele reconheceu que, neste sentido, a árvore de Natal é um convite a acolher no coração o dom da alegria, da paz e do amor de Jesus.
ESTRELA - Quando Jesus nasceu, conta a história que reis magos, vindos do Oriente, chegaram a Jerusalém à procura do Menino Deus, guiados por uma estrela. A grande e brilhante estrela de Natal, símbolo do próprio Jesus a apontar o caminho de nossa vida, tem quatro pontas e uma cauda luminosa. As quatro pontas representam as direções da Terra, significando que de todos os lados vêm pessoas para adorar o Menino Jesus.
VELAS - Representam a presença de Cristo e sua grande luz, pois Ele disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas". Logo, as velas de Natal enfeitam qualquer ambiente cristão, levando luz e força ao mundo. Nos tempos mais antigos, colocavam-se velinhas acesas nas árvores de Natal, as quais foram sendo substituídas por pequenas lâmpadas coloridas, que causam menos riscos de incêndios, queimaduras.

PRESENTES – Apesar dos apelos consumistas de hoje, os presentes também têm seu significado. Os pastores e os reis magos levaram presentes a Jesus. Isso deu origem à tradição de se dar presentes na época do Natal. Também nos recordam que Jesus é o grande presente de Deus para nós.

CANÇÃO NATALINA - A conhecida canção de Natal "Noite Feliz", com sua letra traduzida para mais de 60 idiomas diferentes, é a música mais cantada em todo o mundo, um dos símbolos do Natal. "Noite Feliz" foi composta na Áustria, no ano de 1818, por Franz Gruber.

O Menino Jesus e o Papai Noel

O Menino Jesus e o Papai Noel



Papai Noel, nossas crianças precisam de símbolos, de histórias, do “faz-de-conta”, além de contos de fada, etc. Você, Papai Noel, veio do norte europeu, tinha o nome de São Nicolau, andava distribuindo presentes. Todavia você sabe que as coisas mudaram, na verdade, no passado você representou o Pai que nos deu seu Filho. Precisamos da paternidade.

Hoje, Papai Noel, você não representa mais nada disso. Sei que esta conversa não vai lhe agradar e, por isso, peço desculpas já antecipadamente. Sim, no Natal, o centro é uma criança pobre, humilde, sem teto, desalojada, na periferia, cheirando esterco. “Um Menino nos foi dado” (Is 9,5). O aniversariante, o dono da festa é Jesus nascido em Belém, “cidade do pão”, ou seja, da partilha, da solidariedade.

Você, Papai Noel, veio do comércio, do mercado, é um marqueteiro do consumismo, um sedutor de crianças, porta-voz das vitrines e compras. Ninguém, Papai Noel, é contra a festa, os presentes, a alegria. Mas nossas crianças acabam esquecendo o Menino que colocou a criança no centro de seu reino. Elas, hoje, são fascinadas pelo consumismo e com voracidade viverão seu futuro como escravas da moda, das compras e do desperdício. Jesus foi desalojado e as lojas endeusadas. Desde aquele tempo até hoje, Deus foi despejado, excluído, abandonado: “Não havia lugar para eles.” (Lc 2,7)

Que pena! Muita gente não acredita mais em nada, nem no Menino e muito menos em você, Papai Noel. Nosso Natal cristão virou feriadão. Apagam-se as luzes da fé e acendem-se as do comércio. O Velho matou o Menino. É verdade que temos gestos lindos de solidariedade, encontros familiares, celebrações litúrgicas. Eis o Natal com Jesus, com o aniversariante, com Maria, José, os anjos, os pastores, os magos. Estes últimos abandonaram suas riquezas, horóscopos e adoraram Jesus. Encontraram o verdadeiro caminho: o Menino e sua Mãe.

Papai Noel, você não precisa desaparecer. Mas precisa mudar. Reconhecemos que você faz gestos humanitários nos hospitais, nas fábricas, etc. Faça como o velho Simeão no templo e ajude-nos a dar o Menino Jesus para as crianças. Que o Menino seja conhecido, amado e seguido. Natal é a historia de uma gravidez não abortada, é uma festa de fé, esperança e amor que todos os domingos é celebrada na liturgia.

Natal é festa da encarnação, da salvação, da partilha, da solidariedade. Nasceu o Príncipe da Paz. Seu trono é fundado na justiça e no direito. O Menino de Belém, com Maria e José, abençoem e nos confirmem no verdadeiro espírito de Natal. Com hinos de glória a Deus nas alturas e com gestos de paz, nos tornaremos mais humanos, alegres, verdadeiros, sensíveis, solícitos e bons. Depois que Jesus veio não podemos viver num mundo sem Jesus e numa sociedade pós-humana. Vamos renascer neste Natal, recuperar o que foi perdido e reencantar-nos pelo Menino.

Natal, o Deus conosco

Natal, o Deus conosco



Preparando-nos para o encontro com Jesus Cristo, que nasce para nossa salvação nesta festa bonita, que hoje estamos comemorando, a Igreja nos recordava o texto profético de Isaias: “nunca se ouviu dizer nem chegou aos ouvidos de ninguém, que um Deus, exceto Tu, tenha feito tanto pelos que em ti põem a esperança” (Is 64, 2b). Sim. Deus fez tanto por nós que nos deu seu Filho para ser nosso companheiro e assim não nos afastarmos dos seus caminhos.

Era uma noite de paz, quando Ele chegou. Parece-nos até, num devaneio de quem sonha, que a pomba, que Noé soltou pela janela da arca – asas abertas e pandas – volta para nós trazendo no bico o pequenino ramo verde da esperança e da paz. Gostaríamos de soltar, pela vastidão do espaço, bandos dessas aves graciosas, portadores da alvissareira mensagem de paz e amor, que os anjos anunciaram nos céus de Belém.

Pena que, para muitos, o Natal de Jesus, que é Deus vindo ao nosso encontro, se transformou em uma fúria comercial de troca de presentes. Os mensageiros celestes anunciaram aos pastores a chegada do Messias. Este é o grande presente de Deus para a humanidade: “Nasceu hoje na cidade de Davi para vós o Salvador” (Lc 2, 10).

Natal é festa de amor. Deus amou tanto o mundo que enviou seu Filho, revestido de nossa natureza humana, para morar conosco e ensinar-nos os caminhos do bem. Desde a noite do Natal, Deus não está distante; está perto de nós. Por isto a Escritura Sacra o chama com razão de “Emanuel”, isto é, Deus conosco.

Há pois necessidade de nos encontrarmos com Jesus, pois veio não só para estarmos com Ele, mas para o amar, ouvi-lo e seguir-lhe os passos, não por alguns momentos passageiros, mas com a perseverança de quem crê que Ele é o Filho de Deus, nosso único Senhor e Salvador.

Sabemos pois quem é Este que vem a nosso encontro e para que vem. Somos convidados nesta noite bendita a contemplar a cena da família sagrada na pobreza da gruta de Belém: José, o homem forte e casto; Maria, a mulher, invocada pela liturgia grega como “Theotókos”, cujo seio “foi a âmbula primeira de Jesus”; o Menino dormindo no embalo carinhoso dos braços de sua Mãe. Natal é noite feliz, porque Deus não iludiu nossa esperança. Veio e ficou conosco: Emanuel!

Pensando no Natal

Pensando no Natal



O que mais falta no Natal é reflexão. Se parássemos para pensar um pouco, perceberíamos melhor o seu significado. E nos daríamos conta de quanto o mistério da encarnação ilumina a humanidade. De tal modo que o nascimento do Menino Jesus, em Belém de Judá, confere sentido a “todo homem que vem a este mundo”.

O Evangelho observa, com perspicácia, que a primeira reação de Maria, diante da proposta do anjo Gabriel, foi pensar. “Maria começou a pensar qual seria o significado daquela saudação” (Lc 1,29).

Começar a pensar é, portanto, a primeira recomendação do Natal.

Também José fez a mesma coisa. Ele também se pôs a pensar. Enquanto mergulhava nos seus pensamentos, pôde compreender a missão que o Senhor lhe confiava. Sem pensar, não teria se colocado em sintonia com a vontade de Deus, que o convidava a assumir uma missão que empenharia por inteiro sua vida, e lhe daria uma dignidade inesperada.

Depois do nascimento de Jesus, Maria continuou a pensar. “Maria guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração.” (Lc 2,19).

A encarnação do Filho de Deus é um fato que transcende as circunstâncias históricas em que ela aconteceu. Seu significado vai além da singularidade das pessoas diretamente envolvidas no cenário histórico do acontecimento de Belém.

Como Maria, também somos convidados a continuar pensando no seu significado. Para dar-nos conta de como o mistério de Deus, que assume a natureza humana, repercute em toda a humanidade. De tal modo que toda criança, em qualquer época, em qualquer lugar, em qualquer povo, em qualquer cultura, de qualquer raça, todo nascimento, todos os seres humanos, são agora assumidos por Deus, e carregam uma dignidade nova, que lhes é conferida pelo fato de Deus ter assumido nossa condição humana, pela encarnação do seu Filho.

As circunstâncias históricas do nascimento de Jesus são contingentes e transitórias. O fato fundamental é o mistério de encarnação, cujo significado permanece, desafiando nossa inteligência.

E´ preciso resgatar o alcance universal do mistério da encarnação. E relativizar as contingências históricas em que ele se deu. Para não aprisioná-lo dentro destas circunstâncias, impedindo que ele possa ser apropriado por todos os povos, em todos os tempos.

O fato do Filho de Deus ter nascido em determinado país e em determinado povo, não o torna propriedade exclusiva de tal povo ou de tal lugar. O próprio Jesus fez questão de se desvencilhar das amarras de Nazaré e de seus familiares, para se sentir à vontade entre aqueles que acolhiam a mensagem transcendente que ele anunciava.

Ele mesmo, quando adulto, não deu importância a Belém, o lugar onde tinha nascido. Ficava tão perto de Jerusalém, bem que podia ter passado por lá, e mostrado aos discípulos onde tinha nascido! A contrário, preferiu atravessar as fronteiras ao norte, sinalizando a destinação universal do seu Evangelho.

Depois de dois mil anos, o Natal de Jesus nos faz procurar sua repercussão nem tanto na extensão geográfica de sua Igreja. Mas na profundidade do compromisso de Deus com a humanidade, simbolizado pela encarnação do seu Filho.

Pensando bem, os fatos de Belém ainda nos convidam à meditação. Para entendermos como a encarnação de Deus, acontecida plenamente em Jesus, repercute em todos os nascidos, não só em Belém, mas em Pequim também. E em toda criatura humana, em qualquer época e em qualquer lugar deste mundo.

Um Menino nos foi dado

Um Menino nos foi dado



É Natal! «Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado» (Is 9,5). Essas palavras do profeta realizaram-se no Natal do Senhor Jesus Cristo.

Recebemos como «dom» um menino. O menino nos veio da ação criadora do Espírito, que o gerou no seio puríssimo de Maria sempre virgem.

Nascendo de uma virgem pela ação do Espírito, fica claro que ele é um verdadeiro «presente» de Deus à humanidade, um presente que a humanidade jamais poderia dar-se a si mesma.

Ele veio do alto. Nasceu de uma mulher porque é plenamente humano. Mas nasceu de uma virgem para significar que sua morada entre nós supera radicalmente as nossas possibilidades ou as nossas forças e mesmo as nossas expectativas.


O mistério de Deus é grande, é por demais profundo! Nossas pobres palavras podem apenas balbuciá-lo. «Senhor, estupendas são as vossas obras! E quão profundos os vossos desígnios!» (Sl 91,6). Ele veio restaurar a criação e levá-la à plenitude do Reino de Deus. Veio libertar-nos do pecado e da morte e de todos os males e garantir-nos a vida verdadeira. Veio apontar-nos o caminho para a comunhão de vida com o próprio Deus, Trindade Santíssima, fonte de toda felicidade e paz. A verdadeira comunhão com Deus gera e sustenta em nós a autêntica comunhão com nossos semelhantes e com toda a criação.

No mistério do menino, é Deus mesmo quem visita seu povo. A celebração do Natal deve levar-nos à contemplação piedosa da extraordinária caridade manifestada no nascimento de Belém. O Todo-Poderoso se faz uma frágil e indefesa criança; o Imenso, que nada pode conter, é reclinado numa manjedoura; Aquele que com seu braço forte rege o universo inteiro é acolhido e conduzido pelas mãos humanas; o Todo se esconde no fragmento; o Invisível se mostra visivelmente; Aquele que habita uma luz inacessível coloca-se ao nosso alcance! Ele é o “rosto humano de Deus”!

Como não reconhecer que estas coisas extraordinárias aconteceram porque Deus ama «loucamente» e sem medidas a sua criatura, a cada um de nós em particular?

A contemplação do mistério de Deus, manifestado no nascimento do menino, não pode deixar-nos indiferentes. Se Deus nos ama tanto, como não amá-lo também? O amor, ensina São Paulo, é o «vínculo da perfeição» (Cl 3,14). Deus nos ama por primeiro (cf. IJo 4,19). Recebendo o seu amor em nossa vida, somos purificados e renovados para amá-Lo como convém e, n’Ele, amar nosso próximo com verdadeiro «amor-doação». O amor vence nosso orgulho e nos abre para a infinitude da Verdade, do Bem e da Beleza, o que enche de alegria nossa vida e dá sentido a nosso caminho.

Sendo mistério de caridade, o Natal deve suscitar em nós o amor que renova todas as coisas. Só no amor podemos construir, pois o amor é positivo. Ao celebrarmos o Natal, tendo os olhos fixos no Menino-Deus, podemos exclamar com as palavras de São João: «Deus é amor» (1Jo 4,8)!

É importante que celebremos com nossas comunidades esse Mistério da Encarnação para que, verdadeiramente, possamos celebrar como cristãos o Natal do Senhor! Que a nossa participação na liturgia seja consciente, piedosa e repleta de admiração pelo mistério celebrado! Que em nossa vida, aquilo que de Deus recebemos seja compartilhado com nossos irmãos! A todos um santo e feliz Natal!

Vem Senhor Jesus

Vem Senhor Jesus



Imaginemo-nos, milênios atrás, junto com nossos ancestrais, ainda em meio às trevas da ignorância, nos erros e acertos da busca de trilhas que nos levassem a dias melhores e, enfim, a encontrar a felicidade e a paz. Tínhamos apenas uma pequena chama de esperança em nosso coração e que, muitas vezes, a perdíamos quando dobrávamos os joelhos ante as criaturas, seja pelo seu porte seja pelo seu brilho, astros e animais ainda que fossem de ouro.

Mas, se nos déssemos ao trabalho de procurá-la, como Abraão, nós a veríamos e sua luz iria crescer nas vozes dos Patriarcas e dos Profetas, do mesmo Abraão, que se alegrou com o seu Dia (Cf. Jo. 8,56),de Davi, seu pai, a José que a viu realizar no seio de Maria: “E o Verbo se fez carne”(Cf. Jo. 1,14);de Samuel, Elias, Isaias a João Batista que a mostrou ao mundo: “Eis o Cordeiro de Deus”(Cf. Jo. 1,29) e perante quem o Pai Celeste o proclamou: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo”(Cf. Mat. 3,17).

A esperança nascida da fé, que alimentava esses corações, se realizava, atingida a plenitude dos tempos, naquela noite cheia de estrelas e de luz, quando os Anjos do Céu anunciavam aos Pastores o nascimento do Salvador.

Também nós, esperamos a vinda misericordiosa do Senhor Jesus. Juntos com os nossos Pais, Patriarcas e Profetas, entoamos o pedido que Santo Afonso sintetizou, dizendo “que ao modo de nosso Pais, ardem os nossos corações suspirando ansiosos: apressa-te, Senhor, e vem nascer entre nós”.

O Natal de Jesus não é só um fato histórico a ser comemorado como uma lembrança. Ela se realiza na perenidade de todos os dias, na história de cada um de nós, na história da nossa comunidade, na humanidade de todos as épocas e lugares. A vinda de Cristo plenifica a esperança e a fé abraâmica de todos os tempos, de que, poderíamos dizer, o Natal histórico seria uma das facetas da realidade eterna do amor de Deus por nós.

Recebendo Jesus Salvador, devemos viver uma vida nova. O Apóstolo (Cf. 1Cor, 10, 6 a 13) nos orienta a rejeitar as obras das trevas: “Não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram; nem nos tornemos idólatras, como alguns deles...nem nos demos às impurezas… todas essas coisas aconteciam em figuras e foram escritas para advertência nossa, para quem o fim dos séculos chegaram’”.

Reconheçamos o tempo de nossa visitação, para que Jesus não tenha de chorar sobre nós, como na véspera de sua paixão chorou sobre Jerusalém: “Ah, se ao menos neste dia tu conhecesses o que te pode trazer a paz!”(Cf. Lc 19, 41), porque o Dia do Senhor está perto, às portas.

Sim, não podemos dissociar da Vinda misericordiosa de Cristo a sua volta no fim dos tempos. Nós, que o recebemos na Carne, devemos aguardar cheios de esperança, sua Vinda gloriosa, trabalhando para o advento do eu Reino.

Na antecipação mística desta Vinda, quando celebramos o mistério da Redenção, exclamamos firmes na fé, sem temor, porque alicerçados na esperança que nasce da cruz: “Vinde Senhor Jesus”

Aproveitemos o tempo. Preparemos nosso coração para recebermos o Cristo que vem na simplicidade de uma criança enquanto esperamos a manifestação de sua glória.

O Ano Litúrgico

O Ano Litúrgico



Iniciamos na Igreja o novo ano litúrgico com o tempo do Advento. Somos convidados a caminhar durante um ano celebrando os Mistérios de nossa Fé e buscando viver a Palavra de Deus em nosso dia a dia.

Dentro da pedagogia da Igreja, que aos domingos aumentou as leituras bíblicas, sendo sempre três distribuídas ao longo de três de anos, estamos vivendo o assim chamado “ano B”, que tem como evangelista principal São Marcos.

Na maior parte do ano litúrgico seremos acompanhados na proclamação desse Evangelho que irá nos mostrar os caminhos do Senhor durante este ano. Quem participa das Missas aos domingos, ao final de três anos terá escutado quase toda a Bíblia proclamada, cantada e rezada na liturgia.

Mas junto com a abundância dos textos, a distribuição do ano litúrgico com seus sinais, cores, cantos e celebração dos principais mistérios de nossa fé nos ajudará a viver a “espiritualidade bíblico-litúrgica”, que é base de todas as demais, e nos alimenta em nossa caminhada.

Sim, junto com toda a Igreja a Eucaristia nos alimenta e é nossa vida! E, ao participar, experimentamos que Cristo nos acompanha e está ressuscitado em nossas comunidades que celebram a Sua presença e se tornam, por isso mesmo, testemunhas da Ressurreição.

Infelizmente os tempos atuais têm levado as pessoas a perderem o carinho e a motivação para celebrar semanalmente o “Dia do Senhor”. Sabemos que a Igreja nos recomenda participar da Sagrada Eucaristia, a Missa, também durante a semana, mas sabe que pelo menos ao domingos não se pode deixar de participar, pois é um bem para cada cristão e para as comunidades.

Quando não se guarda mais o Domingo e se deixa de participar do Sacrifício Eucarístico, acabamos perdendo o caminho de nosso alimento e de nossa espiritualidade. Pouco a pouco iremos “esfriando” a nossa vida cristã, e com os ataques da cultura atual podemos sucumbir nesse deserto da vida sem o alimento que nos restaura semanalmente.

A base de toda espiritualidade, assim como de nossa retidão de doutrina, é a boa participação dominical, quando a Missa é celebrada de acordo com as instruções da Igreja e cria no coração de cada membro do povo de Deus o Amor e entusiasmo que deve nos conduzir como discípulos-missionários, vivendo permanentemente em estado de Missão.

Como mãe preocupada com a Saúde Espiritual de seus filhos, a Igreja chamará sempre a nossa atenção para essa caminhada que iniciamos neste final de semana com o novo ano litúrgico. Começamos com a expectativa e preparação da “vinda do Senhor” na história!

Ele já veio quando nasceu em Belém de Judá e Ele virá no final dos tempos para julgar os vivos e os mortos, e entre essas duas vindas, Ele vem a cada um de nós que O acolhe e aceita a Sua presença que transforma nossas vidas e entusiasma nossos corações.

No Advento contemplamos essas “vindas” de Jesus, mesmo sabendo que Ele, hoje, está vivo, ressuscitado e nos precede no seio do Pai, onde foi nos preparar um lugar. Por isso mesmo, uma das atitudes esperadas neste tempo é uma boa celebração penitencial ou confissão que nos coloque de coração aberto para ser o “presépio” que acolhe o Senhor da Vida.

Eis, portando, que se abre o ano litúrgico! E o convite da Igreja é para que aproveitemos cada instante para participarmos de todos os atos litúrgicos, da celebração dos sacramentos e em especial da Missa. Nela temos sempre a atualização do tríduo pascal: a Ceia da quinta-feira santa, o sacrifício da cruz da sexta-feira santa, e a ressurreição do sábado santo. A palavra proclamada nos atualizará as orientações do Senhor, e a liturgia, com suas características próprias de cada tempo, nos conduzirá na espiritualidade.

Vem, Senhor Jesus, é o grito do início ao ano litúrgico, refletindo a humanidade que esperava a vinda do Messias, e é também o final das Escrituras na expectativa d’Aquele que virá no final dos tempos. Vivamos com entusiasmo e piedade este tempo que, apesar de toda propaganda que praticamente desconhece o Advento e pela preocupação do consumo, já faz com que todo o apelo seja desde já o Natal. A coroa do Advento que nos acompanhará nos quatro domingos que antecedem o Natal e que abrem o ano litúrgico será um belo sinal em nossas Igrejas e também em nossas casas, pois nos ajuda a estarmos também nós na expectativa d’Aquele que “abriu os céus e desceu” para armar Sua tenda no meio de nós!

Santo Advento a todos!

Meus olhos viram a Tua Salvação

Meus olhos viram a Tua Salvação



Aproxima-se a festa do Natal. Para os que têm fé, Natal é a chegada feliz de Deus que vem a nosso encontro para nos fazer irmãos e nos ensinar os caminhos do bem. Veio na frieza da noite para acender em nós o fogo do amor e nos fazer irmãos. Veio pobre para nos dar a riqueza de Deus. Os anjos iluminaram a noite e trouxeram a mensagem do céu: “Nasceu hoje para vós o Salvador” (Lc 2, 10). Isto era o Natal...

Infelizmente hoje o Natal é festa comercial: vende-se muito e desperta-se a necessidade de comprar. A festa atual é do comércio. Perdeu-se o clima da reunião da família, em que as crianças se alegravam com seus pequenos presentes: bolas, bonecas, carrinhos. Tudo simples e familiar, recordando a chegada de Deus-Menino nos braços de Maria.

Entre as cenas tão lindas da chegada de Jesus, de que São Lucas nos dá noticia, uma tem especial sentido para as pessoas idosas. A lei mosaica determinava que o primogênito recém-nascido fosse levado ao templo de Jerusalém para ser resgatado por um casal de pombos. José e Maria levaram o Menino ao templo, cumprindo o preceito da lei antiga.

Ali, no momento da oferta, estava providencialmente presente um ancião a quem Deus prometera que haveria de contemplar, na altura de seus vividos anos, o esperado Salvador da humanidade. Por isto tomou nos braços cansados o Menino de quarenta dias e louvou a Deus por terem seus olhos tido a alegria de contemplar o rosto dAquele que era esperado já há séculos.

Sob a brancura dos cabelos, olhos úmidos de alegria incontida, os braços se erguem com a Criança e dos lábios brota o hino de ação de graças: “Agora podes deixar partir este teu servo porque meus olhos já cansados puderam contemplar nesta Criança a salvação que vem de Deus”.

É assim que se espera o Natal e assim que se celebra esta festa. É no encontro com o Salvador que sentimos a felicidade de nossa vida. Natal é festa de amor para todos: para os velhos cansados da vida, há um reconforto de esperança; para os adultos, a certeza da presença de Deus que veio para ficar conosco; para os jovens, uma ocasião para escolher certo o rumo de seus passos; para os que ainda vão nascer a alegria de ter Deus bem perto de suas vidas inocentes.

Restabelecer pois a verdade do Natal. Na azáfama das compras, não perder o sentido real da festa da chegada de Deus entre nós. Moços e velhos, crianças e adultos, temos de preparar-nos para este encontro de salvação, de alegria e de graça com o Menino que nos foi dado na noite de Belém.

João Batista, o profeta do Advento

João Batista, o profeta do Advento



Uma das grandes estrelas das narrações do Advento e do Natal, João Batista. Consideremos juntos alguns detalhes da vida de João e vejamos por que é tão bom modelo para nós. João Batista não tem travas na língua. Dizia o que pensava e o que precisava. Hoje nos dirigirá palavras igualmente cruas: tocarão diretamente os pontos fracos das nossas vidas. João Batista pregava o arrependimento com credibilidade porque antes amava a Palavra de Deus, que havia escutado no coração de seu próprio deserto.

Escutou, experimentou e viveu a palavra libertadora de Deus no deserto. Sua eficácia no anúncio desta palavra se devia ao fato de que sua vida e sua mensagem eram uma só coisa. A incoerência é uma das coisas mais desalentadoras que temos de enfrentar em nossas vidas. Quantas vezes nossas palavras, nossos pensamentos e nossos gestos não são coerentes! Os verdadeiros profetas de Israel nos ajudam a lutar contra toda forma de incoerência.

Ao longo de toda a história bíblica, os líderes e visionários foram ao deserto para ver com mais clareza, para escutar com atenção a voz de Deus e descobrir outras maneiras de viver. A palavra hebraica para dizer deserto, «midvar», deriva de uma raiz semítica que significa «levar o rebanho ao pasto». «Eremos», a palavra grega utilizada para traduzir «midvar», indica um lugar desolado, pouco povoado, e em seu sentido mais estrito, um terreno abandonado ou deserto.

O termo «deserto» tem dois significados diferentes, mas ligados, que fazem referência a algo selvagem e intrigante. Foi precisamente esta dimensão de desconhecido (intrigante) e descontrolado (selvagem) que levaram ao atual termo «deserto».

Mas há também outra maneira de compreender o sentido da palavra «deserto». Uma análise atenta da raiz da palavra «midvar» revela a palavra «davar», que significa palavra ou mensagem. A noção hebraica de deserto é, portanto, um lugar santo, no qual é possível escutar, experimentar, viver em liberdade a Palavra de Deus. Vamos ao deserto para escutar a Palavra de Deus, de uma maneira desapegada e completamente livre.

O Espírito de Deus permitiu que os profetas experimentassem a presença de Deus. Deste modo, eram capazes de compartilhar as atitudes, os valores, os sentimentos e as emoções de Deus. Este dom lhes permitia ver os acontecimentos de sua época como Deus os via e ter os mesmos sentimentos de Deus diante deles. Compartilham a cólera de Deus, sua compaixão, sua pena, sua decepção, sua repulsa, sua sensibilidade pelas pessoas e sua seriedade. Não viviam estas experiências de maneira abstrata, mas animados pelos mesmos sentimentos de Deus diante dos acontecimentos concretos de sua época.

João Batista é o profeta do Advento. Com freqüência é representado apontando com o dedo Aquele que deve vir, Jesus Cristo. Se, seguindo o exemplo de João, preparamos o caminho do Senhor no mundo de hoje, nossas vidas se converterão também em dedos de testemunhas vivas que mostram que é possível encontrar Jesus, e que está perto. João ofereceu às pessoas de sua época uma experiência de perdão e de salvação, sabendo muito bem que não era o Messias, o que podia salvar. Permitimos aos demais que façam a experiência de Deus, do perdão e da salvação?

João Batista veio para ensinar-nos que há um caminho que nos tira das trevas, da tristeza do mundo e da condição humana, e este caminho é o próprio Jesus. O Messias vem para salvar-nos das forças das trevas e da morte, e nos leva pelo caminho da paz e da reconciliação para que voltemos a encontrar nosso caminho para Deus.

O teólogo jesuíta Karl Rahner, hoje falecido, escreveu em uma ocasião: «Temos de escutar a voz do que nos chama no deserto, ainda que reconheça: não sou o Messias. Não podeis deixar de escutar esta voz ‘porque não é mais que a voz de um homem’. Do mesmo modo, vós tampouco podeis deixar de lado a mensagem da Igreja porque a Igreja ‘não é diga de desatar a correia das sandálias de seu Senhor, que a precede’. Nós nos encontramos, de fato, ainda no Advento».

Talvez não tenhamos o luxo de viajar ao deserto da Judéia, nem o privilégio de fazer um retiro de Advento no deserto do Sinai. De qualquer forma, podemos certamente encontrar um pequeno deserto no meio das nossas atividades e do barulho da semana. Vamos a esse lugar sagrado e deixemos que a Palavra de Deus nos interpele, que nos cure, que volte a orientar-nos, a levar-nos ao coração de Cristo, de quem esperamos a vinda neste Advento.